HOMILIA DO TERCEIRO DOMINGO DO ADVENTO

ANO B (Jo 1, 6-8. 19-28)

D. Jerônimo Pereira Silva, OSB

O Terceiro Domingo do Advento é chamado de GAUDETE, ou seja, da Alegria.

Tudo é uma explosão de alegrias: cores, luzes, perfumes, imagens, etc.

Tudo começou assim: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos!” Por que? Qual o motivo de tanta exultação? “O Senhor está próximo.”

Neste terceiro domingo usamos o rosa nos paramentos: é uma cor de transição do escuro para o claro. Da noite para o dia. Este ano o domingo Gaudete coincide com a transição entre a primeira e a segunda parte do Advento, que acontece no dia 17 de dezembro, que nos faz passar de modo antecipado à experiência da Páscoa, a passagem da divindade à nossa realidade humana, possibilitando a nossa passagem da realidade puramente humana àquela divina.

A liturgia prossegue o tema da alegria na coleta, que fala de “chegar às alegrias da salvação e celebrá-las com intenso júbilo na solene liturgia”. A primeira leitura pinta com cores muito vivas o tema (2x: alegria, regozijo): boa nova aos humildes, cura das feridas da alma, redenção aos cativos, liberdade aos presos… essas são as alegrias da Salvação. O Salmo responsorial (Magnificat) nos fala das profecias que se tornam prece, canto, “porque o Poderoso operou maravilhas”. A segunda leitura revela que essa alegria vem do Espírito Santo: envolve todo o ser.

Esse tema do SER como identidade está no coração do Evangelho de hoje. João tem consciência do que não é – o Cristo, Elias, o Profeta. Ele não rouba a cena, não se coloca no centro, não procura seguidores. Tem consciência do que é: a Voz.

Santo Agostinho comenta que “João é a voz. Do Senhor, ao contrário, afirma-se: ‘No princípio era a Palavra’. João é a voz que passa, Cristo é a Palavra eterna. Se tirarmos a Palavra da voz, o que permanece? Um som vago. A voz sem Palavra atinge o ouvido, mas não edifica o coração”.

Onde grita a voz? No deserto. Onde está o deserto hoje? Na ópera de G. Verdi,

 Violeta canta: “Follie! Follie! Delirio vano questo, pevera donna, sola, abbandonata, in questo popoloso deserto che appellano Parigi”. De fato, vivemos em cidades populosas de pessoas solitárias. Pessoas desanimadas: sem alma. É a esta pessoas que se dirige a Antífona de comunhão: “Dizei aos desanimados: coragem, não temais”. Por isso aplainar o caminho é recuperar a esperança, a alegria no Espírito, é “passar para o outro lado do Jordão”, é tomar consciência da sua presença entre nós, é entrar na dinâmica do conhecimento de Cristo: “No meio de vós está alguém que não conheceis”.

Esforcemo-nos para conhecê-lo e amá-lo. Ele vem para nos salvar. Ele é a nossa salvação. Ele é o motivo da nossa alegria verdadeira. Ele é a nossa alegria. Vida da nossa vida, ânimo de nossa alma. Seu nome Jesus Cristo, suavidade nos nossos lábios, ternura de Deus na nossa existência. Aquele que É e no qual nós somos, existimos e nos movemos, nosso redentor, que era, que é e que virá, Deus bendito pelos séculos, dos séculos. Amém.

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