D. Paulo DOMICIANO,OSB

Quanto nós celebramos a memória dos santos e, sobretudo, hoje, quando fazemos memória de “Todos os Santos”, não fazemos isso porque eles precisem de nosso louvor ou reconhecimento. Eles estão diante de Deus e é Dele que recebem toda recompensa.

Celebrando a memória dos santos estamos celebrando a santidade do próprio Deus; santidade que se reflete na vida desses nossos irmãos e irmãs que nos anteciparam na vida gloriosa e nos servem de modelo e inspiração.

Às vezes somos tentados a ver os santos como “super-heróis”, com capacidades ou poderes que a maioria dos humanos não possui. Mas isso não é verdade. Pois a santidade vem de Deus – só Ele é Santo – e se manifesta na vida e nas obras do ser humano na medida em que este se abre para uma relação de amor e comunhão com o próprio Deus.

Essa multidão vestida de branco, que João contempla no Apocalipse, teve suas vestes lavadas e alvejadas no sangue do Cordeiro. Isso nos atesta que a santidade vem do sangue do Cristo, não é uma conquista humana, fruto de esforços ou heroísmos; é dom que só pode ser recebido.

Os santos que nós celebramos são estes nossos irmãos e irmãs que tiveram a coragem de se abrir ao dom de amor que vem de Deus e nos é oferecido por Cristo em seu mistério pascal.

Quando permitimos que o amor de Deus entre em nossa vida tudo muda. Nossos ideais, nosso modo de pensar, de julgar, de amar… tudo assume uma outra dimensão: saímos daquele horizonte fechado em nós mesmos para nos abrir ao horizonte de Deus. Um horizonte que inclui o outro, que abre acesso para a comunhão.

As bem-aventuranças que ouvimos no Evangelho são apresentadas por Jesus como um roteiro para este caminho de comunhão, para o caminho da santidade. Não se trata de uma imposição, mas de um convite a imitá-lo, ou melhor, um convite para permitirmos que Ele mesmo viva essas bem-aventuranças em nós e através de nós, o que se faz possível graças aos sacramentos e ao Evangelho que Ele nos deixou.

Os santos que hoje celebramos são para nós um testemunho de esperança, um testemunho de que é possível viver para Deus e para o próximo com alegria e não como um fardo. A bem-aventurança, a felicidade, é sinônimo de santidade. Na há, portanto, autêntica felicidade se não houver autêntico desejo de santidade.

Somos chamados a ser felizes, a ser santos, como nos exorta nosso pai S. Bento logo no início da Sta Regra: “E procurando o Senhor o seu operário na multidão do povo, ao qual clama estas coisas, diz ainda: Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias felizes?” (Pról. 14-15)

Sejamos nós a responder “Eu”! e entrarmos neste caminho que conduz à paz e à alegria que só Deus pode nos dar. Amém.

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