HOMILIA DOMINGO DE RAMOS E DA PAIXÃO DO SENHOR – C

D. Paulo DOMICIANO, OSB

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor abre solenemente a “Semana Santa”, também chamada “Semana Maior” ou “Grande Semana”, por ser a mais importante de todo o Ano litúrgico, que culmina com o Tríduo Pascal. A liturgia desses dias nos faz mergulhar no drama vivido por Jesus nos últimos e decisivos momentos de sua jornada, onde alegria e tristeza se misturam contínua e misteriosamente.

Nesta celebração de hoje passamos da entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado pela multidão, que o acompanha com louvores, ao relato da Paixão, onde Ele é colocado fora da Cidade Santa, acompanhado, talvez, pela mesma multidão, que grita “Crucifica-o”. É paradoxal que em uma mesma celebração possamos colocar juntas duas cenas aparentemente contraditórias. O próprio título deste domingo nos remete à isso: “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”; não só Domingo de Ramos ou só Domingo da Paixão.

Contudo, este contraste marca a celebração de toda esta Semana, pois não podemos separar a vitória de Cristo de sua Paixão. A oposição entre a morte e a vida, entre a alegria e o sofrimento, em Jesus, encontram o seu máximo sentido através de sua Morte e Ressurreição. Como cristãos, somos convidados a descobrir esta fecunda dinâmica em nossa própria vida; encontrar em nossos sofrimentos e tristezas, que são inevitáveis neste mundo, a semente de vida e de força que brota da Ressurreição de Cristo.

Hoje entramos, junto com Jesus, em Jerusalém, aclamando-o como nosso Rei e Senhor. Ao contrário daquilo que poderíamos sonhar, Ele não vem para resolver todos os nossos problemas, mas para nos conduzir até o Calvário junto com ele. Aclamá-lo como Rei salvador, com nossos “hosanas”, não é algo tão difícil de se fazer. Podemos muito bem tomar parte neste cortejo que o aclama. O desfio está em aceitar que este Rei tome como trono uma cruz e nos proponha, como condição para sermos seus discípulos, que tomemos cada um a própria cruz para segui-lo.

Como ouvimos no relato da Paixão, são poucos os que chegam com Jesus até a cruz… a maioria preferiu fugir ou permanecer no meio daquela outra multidão que gritava “Crucifica-o!”.

A introdução da celebração de hoje nos ajuda a compreender bem o sentido destes ritos que realizamos nesta Semana: “Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida”.  Entrando em Jerusalém, entrando na Semana Santa, peçamos ao Senhor que nos fortaleça, que nos encoraje com seu Espírito para podermos segui-lo até o fim, até a cruz, para podermos, com Ele, viver o mistério da Ressurreição.

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