33º Domingo do TC-B (Mc 13,24-32)

Dom Agostinho B. FAGUNDES, OSB

Meus queridos irmãos,
estamos nos aproximando do final deste ano litúrgico, e por isso a liturgia de hoje nos convida a voltar
o nosso olhar para o início de um novo tempo: o da volta do Cristo Ressuscitado, do Filho do Homem.
Na Primeira Leitura, o profeta Daniel anuncia que São Miguel Arcanjo estará junto ao povo de
Deus durante um tempo da angústia – os judeus estavam sendo perseguidos por causa de sua fé e cultura
pelo reinado selêucida. Mas a salvação virá, pois haverá o julgamento definitivo de Deus, quando alguns
irão para a vida eterna e outros para o sofrimento duradouro. E para os sábios, para aqueles que
assumiram em suas vidas os desígnios de Deus e os transmitiram às gerações futuras, ou seja, que
souberam se manter firmes em sua fé no Deus Vivo em meio às provações e dificuldades, a esses está
reservada a Luz, a claridade, o brilho de Sua presença.
O Evangelho deste domingo retoma a mesma temática, afirmando que o Senhor voltará para
reunir seus eleitos. Diversos profetas do Antigo Testamento anunciaram esse grande Dia do Senhor,
quando Deus viria para manifestar seu poder e seu julgamento sobre todas as nações, e salvar seu povo
Israel. A perícope nos diz que os elementos do céu serão abalados – um tema que está continuamente
presente na literatura apocalíptica, e que também nos remete ao poder que Deus exerce sobre toda a
criação. E este Evangelho também nos permite refletir que a perda de brilho do sol e da lua e a queda
das estrelas são o ocaso daqueles elementos cultuados no mundo antigo – e, devemos salientar, também
nos dias de hoje. Ou seja, são sinais de que a idolatria se encaminha para o fim. A cada vez que nosso
coração se dobra diante de Deus, que abraçamos um caminho de transformação em nossas vidas no
acolhimento de Jesus Cristo, que deixamo-nos guiar pela força de Seu Espírito, que mudamos o rumo
de nossa história e abraçamos um caminho de transformação, permitindo-nos ser moldados pela Palavra
de Deus, os nossos ídolos caem, aquelas coisas nas quais víamos tanto brilho e tanto valorizávamos
tornam-se opacas. Tudo isso são manifestações da chegada do Filho do Homem em nossas vidas.
E o Evangelho também afirma que os anjos estarão ali presentes – tal como São Miguel Arcanjo
junto ao povo de Israel na primeira leitura – e reunirão os eleitos de todas as partes do mundo, dado
que a mensagem cristã é anúncio de salvação para todos os povos, que a Cruz do Cristo Jesus, seu
sacrifício de amor foi por todos e cada um de nós – homens e mulheres atarefados e muitas vezes vivendo
sem dar um verdadeiro sentido para nossas vidas, sempre mais distantes de Deus e de nós mesmos. E a
comunidade cristã precisa estar atenta “aos sinais dos tempos”, e viver na esperança da chegada do
Senhor. Por isso é que continuamente pedimos que Ele venha, especialmente quando, após a
consagração, todos nós aclamamos: “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa
ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Só o Pai sabe o dia e a hora. O que importa não é o momento, mas que cada discípulo do Senhor
tenha a firme convicção de que sua vida caminha para um encontro definitivo com o Deus da Vida, o
Pai de Jesus Cristo, o Criador do Universo.
A segunda leitura, retirada da Carta aos Hebreus, afirma que Jesus Cristo, após ter se oferecido na
cruz como sacrifício pelos nossos pecados, sentou-se à direita do Deus Vivo. Ele está junto do Pai. Mas,
ao mesmo tempo, deixou em nossos corações o Seu Espírito, que nos ensinar a orar, que nos une em
comunidade, que dilata o nosso coração, que nos faz reconhecer naquele que está ao nosso lado a Sua
face e ir ao encontro dele e lhe estender a mão.
Vale a pena nos atentar que as leituras de hoje estão sintetizadas em uma pequena parte do Credo
que todos os domingos rezamos ou cantamos em nossas liturgias: “[…] e subiu aos céus, onde está sentado
à direita do Pai. E de novo há de vir em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não
terá fim”. Portanto, estejamos empenhados e preparados para participarmos do Reino de Deus.

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